Estabilidade óssea peri-implantar: um tema fascinante

Estabilidade óssea peri-implantar: um tema fascinante

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Marco Bianchini traz informações de artigo que demonstra uma das melhores maneiras de conseguir a estabilidade óssea peri-implantar.


A estabilidade óssea peri-implantar é um dos assuntos que mais me fascina na Implantodontia, sem dúvida alguma. Manter o osso estável ao redor dos implantes no longo prazo é o grande objetivo de qualquer implantodontista. Não é à toa que o nosso grupo vem se dedicando a essa linha de pesquisa há muitos anos. Como fruto desse trabalho, frequentemente temos publicado artigos científicos sobre esse tema. Agora em 2020, tivemos mais uma publicação impressa de um interessante paper: Implantoplasty enhancing peri-implant bone stability over a 3-year follow-up: a case series. Marco Aurélio Bianchini, Maria Elisa Galarraga-Vinueza, Karin Apaza Bedoya, Bruna B. Correa, Ricardo de Souza Magini e Frank Schwarz. The International Journal of Periodontics & Restorative Dentistry. Volume 40, Número 1, 2020.

O título em português é “Implantoplastia melhorando a estabilidade óssea peri-implantar ao longo de três anos de acompanhamento: uma série de casos”. Esse artigo teve a importante colaboração do professor Frank Schwarz, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, e já havia sido publicado na versão on-line do International Journal of Peridontics and Restorative Dentistry em 2019. Além de efetivar a parceria do nosso grupo com o grupo do professor Frank Schwarz, este artigo demonstra uma das melhores maneiras de se tratar as perdas ósseas peri-implantares, interrompendo o processo de perda óssea progressiva. Disponibilizamos aqui o link para acesso do artigo na íntegra.

A Implantoplastia vem sendo utilizada como uma estratégia promissora para tratar a peri-implantite e prevenir a perda óssea progressiva peri-implantar. Nesse artigo, nosso grupo teve como objetivo apresentar uma série de casos que tiveram resultados clínicos relevantes, nos quais a cirurgia ressectiva de acesso às lesões peri-implantares foi utilizada, associada à técnica de Implantoplastia, ligeiramente modificada, com acompanhamento de três anos.

Aplicando uma pequena variação na técnica tradicional da Implantoplastia, foi desenvolvido um novo conceito no desgaste das espiras contaminadas pela doença, procurando modificar o desenho do implante, através do desgaste com brocas. A intenção é que ele se aproximasse mais de um desenho próximo ao de uma plataforma switching, a fim de preservar a integridade do tecido peri-implantar e neutralizar a perda óssea progressiva. A figura 1 demonstra um esquema explicando o tratamento realizado.

A pesquisa foi realizada em quatro pacientes que foram submetidos à terapia com implantes dentários e com diagnóstico de peri-implantite. Todos os pacientes foram tratados através de uma cirurgia de acesso à área, Implantoplastia modificada, recontorno ósseo e descontaminação química da superfície. Todos os casos foram acompanhados clínica e radiograficamente durante três anos. Foram avaliados dados referentes a perda óssea marginal, sangramento ou supuração a sondagem, profundidade de sondagem, dor, mobilidade do implante e fratura do implante.

Como resultado dos itens avaliados, tivemos os seguintes dados: estabilidade óssea peri-implantar em todos os casos (100%), média de redução das perdas ósseas (ganho ósseo) de aproximadamente 0,5 mm, média da redução da profundidade a sondagem em aproximadamente 4 mm e diminuição do sangramento a sondagem em 71% dos casos. Dor e supuração também foram resolvidos em todos os casos e, finalmente, nenhum dos casos relatou fratura ou mobilidade do implante após esta terapia de Implantoplastia modificada. A figura 2 demonstra a análise radiográfica dos quatro casos da pesquisa.

A presente série de casos demonstrou que esta técnica de Implantoplastia modificada pode ser mais do que uma simples terapia de descontaminação superficial, pois a transformação do desenho original do implante para um desenho mais semelhante a uma plataforma switching (estreita e lisa), pode conter as alterações peri-implantitares, proporcionando condições biológicas favoráveis ​​para se manter a estabilidade óssea ao redor do implantes por mais tempo.

A técnica de Implantoplastia já vem sendo discutida na literatura há décadas. Muitos autores a defendem como uma maneira de conter a perda óssea progressiva, que leva a perda do implante. Contudo, a modificação desta técnica, promovendo um desgaste mais intenso das espiras que foram atingidas pela peri-implantite, na tentativa de aproximar o desenho do implante ao de uma plataforma switching, é bastante inovadora e vem demonstrando algumas tendências positivas nos seus resultados.

É óbvio que mais estudos de longo prazo necessitam ser realizados para assumirmos que esta técnica é a melhor opção no tratamento da peri-implantite. Contudo, não podemos desprezar as fortes evidências de que a zona de transição do implante para o pilar protético é o calcanhar de Aquiles da Implantodontia, e que moficiações nessa área poderão trazer fortes benefícios para a manutenção da estabilidade óssea peri-implantar no longo prazo.

“Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mateus 6:6)