Marco Bianchini analisa a nova geração de implantes cerâmicos (zircônia) e compara com as opções disponíveis do mercado.
A Implantodontia moderna apresenta intenso desenvolvimento tecnológico baseado em pesquisas e evidências científicas, especialmente após a participação de P-I Brånemark. Um grande número de modificações e opções nos implantes dentários foi incorporado nas últimas décadas, como conexões, alterações de plataforma protética, tratamento de superfície, pilares e componentes protéticos, além de biomateriais para reconstrução óssea e materiais restauradores.
Dentro desse contexto, nos acostumamos a aceitar que os implantes, de forma geral, são fabricados com titânio comercialmente puro – ou ligas de titânio – com variados tratamentos de sua superfície. As microrrugosidades nos tratamentos de superfície proporcionam redução no tempo de espera e agem potencializando a osseointegração, aumentando o contato osso-implante. Assim, o sucesso da osseointegração é consagrado e o tempo de utilização desses implantes de titânio, bem como as pesquisas científicas que comprovam o seu sucesso e biocompatibilidade, trazem enorme segurança para que possamos utilizá-los em larga escala.
Entretanto, uma vez que os implantes de titânio vêm sendo muito utilizados há muitas décadas, encontram-se também na literatura relatos de indivíduos que apresentaram alguns problemas relativos ao titânio. O desenvolvimento de sensibilidade e alergia a este metal – e outras ligas – é um relato que aparece em algumas publicações. Outra preocupação importante é no que diz respeito à possibilidade de alguns implantes terem potencial corrosivo, uma vez expostos a fluidos corporais, como a saliva, além de liberar correntes elétricas de baixo nível, o que poderia danificar a sua estrutura com o passar do tempo.
Desta forma, com o avanço tecnológico dos biomateriais, uma nova geração de implantes cerâmicos (zircônia) já está disponível no mercado há alguns anos. Autores estão demonstrando que compósitos de zircônia inovadores podem apresentar resistência e estabilidade suficiente para aplicação dentária, e com contato osso-implante até mesmo superior ao das ligas de titânio. Além disso, seus custos de processamento e impactos ambientais são limitados, sendo benéfico para posterior aumento da escala produtiva e uso real no campo biomédico. A figura 1 ilustra o design de um implante cerâmico.
Talvez as principais vantagens destes implantes cerâmicos sejam as possibilidades de realizar um trabalho totalmente livre de metal, o que pode claramente favorecer resultados estéticos. Sem falar nos estudos que demonstram que os implantes de zircônia acumulam menos biofilme que implantes e componentes de titânio, o que, biologicamente, em conjunto com uma boa adaptação protética, favorece a estabilidade dos tecidos moles e duros que circundam os implantes, mantendo boa saúde peri-implantar.
Mesmo com todas essas vantagens dos implantes cerâmicos, não podemos deixar de salientar que os implantes de titânio e os seus tratamentos de superfície possuem grande evidência científica e clínica, com resultados excelentes e acompanhamento de longo prazo. Assim, é certo que ainda utilizaremos esses implantes de titânio durante muito tempo. Porém, na medida em que os resultados positivos dos implantes de cerâmica forem chegando – e eles estão chegando –, esta opção vai entrar forte no dia a dia dos implantodontistas.
Os implantes cerâmicos parecem ser claramente uma alternativa de tratamento frente aos implantes convencionais de titânio. Embora eu não tenha nenhuma experiência clínica com este tipo de material, é inegável que a zircônia, devido às suas características, surge como uma opção para casos estéticos e de pacientes alérgicos ao titânio. Contudo, a prudência técnica e científica nos manda observar atentamente os estudos que ainda estão por vir para que tenhamos uma evidência científica mais abrangente deste material promissor em longo prazo.
REFERÊNCIA
1. Neto AM, da Silveira Gerzson A, Gahlert M, Cutts R. Implantes Cerâmicos, aspectos atuais e perspectivas futuras. December 2015. In book: Osseointegração na clínica multidisciplinar: estética e longevidade. Edition: Chapter: 14 Publisher: Quintessence. Editors: Carlos Eduardo Francischone.
“Em ti, SENHOR, confio; que eu nunca seja confundido. Livra-me pela tua justiça, e faze-me escapar; inclina os teus ouvidos para mim, e salva-me. Sê tu a minha habitação forte, à qual possa recorrer continuamente. Me deste um mandamento que me salva, pois tu és a minha rocha e a minha fortaleza. Livra-me, meu Deus, das mãos do ímpio, das mãos do homem injusto e cruel. Pois tu és a minha esperança, Senhor DEUS; tu és a minha confiança desde a minha mocidade.”
Marco Bianchini
Professor associado II do departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br