Terapia fotônica na prática clínica de Odontologia

Terapia fotônica na prática clínica de Odontologia

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Utilizando fontes de lasers ou de diodo emissor de luz (LED), a terapia fotônica é capaz de promover importantes efeitos, como a fotobiomodulação e a terapia fotodinâmica antimicrobiana.

Nos últimos anos, tem crescido o interesse dos profissionais das diferentes áreas da Saúde em adquirir lasers de baixa potência (LBP). Mas, também percebemos que muitos profissionais nem sequer realizaram cursos prévios para adquirir os conhecimentos mínimos necessários para manusear corretamente o emissor de laser e obter os resultados pretendidos com esta tecnologia. A terapia fotônica, com o uso de fontes de lasers ou de diodo emissor de luz (LED), é capaz de promover importantes efeitos, como a fotobiomodulação (FBM) e a terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT).

O termo FBM é uma decisão consensual de diferentes órgãos internacionais em substituição ao conceito anterior, conhecido como terapia com laser em baixa intensidade1. A FBM é definida como uma terapia que visa estimular a reparação dos tecidos, diminuir a inflamação e aliviar a dor2-3. O uso de protocolos adequados destas fontes de luz, comprovados cientificamente, aliado à experiência clínica do profissional, proporciona benefícios clínicos em diversas especialidades da Odontologia e, em especial, na Periodontia e na Implantodontia4.

A terapia com FBM atua em nível celular e molecular, em reações que promovem a aceleração do reparo de diversos tecidos, redução da dor, modulação da resposta imunoinflamatória e na redução de mediadores relacionados a sintomas dolorosos de diversas origens3,5. No caso da aPDT, a terapia fotônica poderá ser utilizada também para a redução de microrganismos em áreas contaminadas6 e tem sido muito empregada como coadjuvante no tratamento de doenças bucais, como gengivites, periodontites7-8, alveolites, osteonecrose dos maxilares, osteomielites, mucosites e peri-implantites. Neste procedimento, além da fonte de luz, que poderá ser de LBP ou de LED, deve-se necessariamente utilizar um fotossensibilizador (FS) que, na presença do oxigênio molecular (O2), pode promover ação letal sobre bactérias, vírus e fungos. Tal procedimento objetivava inicialmente promover ação letal sobre células tumorais, sendo denominado “terapia fotodinâmica (PDT)” – que vem da expressão em inglês Photodynamic Th erapy. Posteriormente, sua ação foi comprovada sobre a viabilidade de células bacterianas, mostrando-se efetiva em função do FS e fonte de luz utilizados, passando a ser denominada terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT) e sendo muito utilizada na Endodontia, Periodontia e Implantodontia.

Na Periodontia, é possível empregá-la nos seguintes momentos: terapia periodontal não cirúrgica, como coadjuvante à raspagem e alisamento radicular (RAR); terapia alternativa em condições cujos procedimentos invasivos estariam contraindicados; terapia periodontal de manutenção, para o tratamento de bolsas residuais; e durante procedimento cirúrgico periodontal, visando à descontaminação da superfície radicular.

Uma revisão sistemática e metanálise recente, avaliando a efetividade do uso da aPDT coadjuvante à RAR no tratamento da periodontite experimental em animais, demonstrou tratar-se de uma técnica eficaz no controle da perda óssea, principalmente em modelos sistemicamente modificados, em condições de diabetes, tabagismo, imunossuprimidos por corticosteroide ou por agente quimioterápico9.

Na Implantodontia, tem sido utilizada como coadjuvante no tratamento de mucosite e peri-implantite. É importante ressaltar que diversas condições podem contribuir para a obtenção de bons resultados clínicos na aPDT, como: comprimento de onda da luz, frequência e modo de aplicação, energia, densidade de energia, intensidade de potência, seleção adequada do agente FS e sua concentração, e tempo de pré-irradiação.

Confira outras edições da coluna “Palavra-chave”, de Elcio Marcantonio Jr.

REFERÊNCIAS

  1. Anders JJ, Lanzafame RJ, Arany PR. Low-level light/laser therapy versus photobiomodulation therapy. Photomed Laser Surg 2015;33:183-4.
  2. De Freitas LF, Hamblin MR. Proposed mechanisms of photobiomodulation or low-level light therapy. E J Sel Top Quantum Electron 2016;22(3). pii: 7000417.
  3. Hamblin MR. Mechanisms and applications of the anti-inflamatory effects of photobiomodulation. AIMS Biophys 2017;4(3):337-61.
  4. Theodoro LH, Garcia VG. Uso do laser e suas implicações como alternativa terapêutica na Periodontia e Implantodontia. In: Silva EB, Grisi DC. Periodontia no contexto interdisciplinar integrando as melhores práticas. Nova Odessa: Napoleão, 2015. p.352-67.
  5. Enwemeka CS, Parker JC, Dowdy DS, Harkness EE, Sanford LE, Woodruff LD. The efficacy of low-power lasers in tissue repair and pain control: a meta-analysis study. Photomed Laser Surg 2004;22:323-9.
  6. Wainwright M. Photodynamic antimicrobial chemotherapy. J Antimicrob Chemother 1998;42:13-28.
  7. Garcia VG, Theodoro LH. Antimicrobial photodynamic therapy in the treatment of periodontal disease. In: Freitas PM, Simões A. Lasers in Dentistry – guide for clinical practice. Iowa: Wiley Blackwell, 2015. p.159-65.
  8. Theodoro LH, Garcia VG, Ervolino E. Efeitos da terapia fotodinâmica na Periodontia. In: Romito GA, Holzhausen M, Saraiva L, Pannuti CM, Villar CC. Estratégias terapêuticas atuais no manejo da doença periodontal e perimplantar (1a ed.). Nova Odessa: Napoleão, 2017. p.374-87.
  9. Alberton Nuernberg MA, Janjacomo Miessi DM, Ivanaga CA, Bocalon Olivo M, Ervolino E, Gouveia Garcia V et al. Influence of antimicrobial photodynamic therapy as an adjunctive to scaling and root planning on alveolar bone loss: a systematic review and meta-analysis of animal studies. Photodiagnosis Photodyn Ther 2019;25:354-63.