Uso de PRF em procedimentos reconstrutivos previamente à instalação de implantes
PRF é objeto de trabalho e pesquisa na Faculdade São Leopoldo Mandic.

Uso de PRF em procedimentos reconstrutivos previamente à instalação de implantes

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No âmbito das pesquisas, projetos realizados na São Leopoldo Mandic testam a eficácia dos diferentes protocolos envolvendo o uso de PRF.

O plasma rico em fibrina (PRF) consiste em um concentrado plaquetário de segunda geração composto por uma densa rede de fibrina com fatores de crescimento (PGDF, VEGF, TGF-B), algumas proteínas adesivas (fibronectina e vitronectina) e leucócitos. Realizado por meio de coleta de sangue venoso, o processo tem se tornado corriqueiro nos procedimentos reconstrutivos, com o intuito de acelerar o processo cicatricial. Após a coleta sanguínea, é realizada a centrifugação com diferentes protocolos, dependendo da necessidade de uso.

Alguns protocolos têm sido documentados na literatura desde o advento do PRF, que foi desenvolvido pelo médico francês Joseph Choukroun em meados dos anos 2000. Tais protocolos são baseados na força de centrifugação gerada em acordo com a velocidade e o tempo empregados.

Forças mais baixas de centrifugação (800 rpm/3 min.) não estimulam a coagulação, mantendo-se a forma líquida, mas concentram os fatores de crescimento na parte superior dos tubos, promovendo o i-PRF (injectable-PRF). Já em forças maiores (2.700 rpm/12 min.), além de concentrar os fatores de crescimento na parte superior do tubo, estimula-se a coagulação e juntamente são concentrados os leucócitos (L-PRF). Concentrados com forças de centrifugação intermediárias, como o advanced PRF (A-PRF), que utiliza protocolos de 1.500 rpm por 14 minutos, demonstram concentrar mais VEGF do que os outros protocolos, o que se torna interessante quando se deseja intensificar a vascularização.

Na Faculdade São Leopoldo Mandic, a utilização dos concentrados plaquetários faz parte dos procedimentos cirúrgicos, em que uma equipe de enfermeiros treinados faz as coletas sanguíneas, que são colocadas em centrífugas disponíveis no centro cirúrgico da instituição em acordo com os protocolos desejados.

No âmbito das pesquisas, projetos de mestrado e doutorado testam a eficácia dos diferentes protocolos de centrifugação. Um desses projetos, realizado pelo aluno de mestrado profissional em Implantodontia Paulo Wilson Maia, publicado em 2019 no periódico internacional Symmetry e intitulado Use of platelet-rich fibrin associated with xenograft in critical bone defects: histomorphometric study in rabbits, teve por objetivo comparar o uso de biomaterial xenógeno hidratado com soro fisiológico ou associado ao L-PRF. Após a obtenção do L-PRF por centrifugação, foi cortado em pequenos pedaços a fim de se misturar ao biomaterial xenógeno, sendo que a mistura foi inserida em defeitos ósseos críticos criados na calvária de coelhos. Alguns defeitos foram cobertos por membrana de colágeno e outros grupos de defeitos não receberam a membrana. O resultado desse estudo mostrou que não houve diferença estatística significante na mistura biomaterial + L-PRF em comparação ao grupo sem L-PRF, quando os defeitos foram cobertos por membrana regenerativa de colágeno. O recobrimento com membrana colágena sempre repercutiu em maiores níveis de osso neoformado. Entretanto, nos defeitos que não houve cobertura pela membrana de colágeno, a mistura biomaterial + L-PRF demonstrou maiores níveis de formação óssea. Pode-se ressaltar ainda que este foi um estudo em modelo animal, com metabolismo diferente do humano e que, portanto, mais estudos devem ser feitos para verificar o potencial dos concentrados plaquetários na promoção de regeneração tecidual.

Outros estudos com essa finalidade estão sendo realizados em modelos laboratoriais, modelos animais e em pacientes, com o intuito de obter respostas sobre como concentrar o sangue venoso e obter o melhor protocolo de acordo com nossas necessidades.

 

ACESSE O ARTIGO NA ÍNTEGRA
Use of platelet-rich fibrin associated with xenograft in critical bone defects: histomorphometric study in rabbits. Symmetry 2019;11;1293 (DOI:10.3390/sym11101293).