Caracterização da periodontite em pessoas com diabetes tipo 1 com 50 anos ou mais de duração

Caracterização da periodontite em pessoas com diabetes tipo 1 com 50 anos ou mais de duração

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Seleção de artigos científicos de destaque publicados em periódicos de circulação internacional. Paulo Rossetti (editor científico da revista) e Rafaela Videira (doutoranda em Clínica Odontológica/Periodontia – FOP/Unicamp) fizeram uma leitura crítica e comentada como proposta para ampliar nossos conhecimentos.

Caracterização da periodontite em pessoas com diabetes tipo 1 com 50 anos ou mais de duração

Shinjo T, Ishikado A, Hasturk H, Pober DM, Paniagua SM, Shah H et al. Characterization of periodontitis in people with type 1 diabetes of 50 years or longer duration. J Periodontol 2019;90(6):565-75.

Por que é interessante: demonstra que pessoas com diabetes tipo1 com ≥ 50 anos podem ter fatores protetores endógenos contra a nefropatia e a retinopatia.

Desenho experimental: estudo transversal avaliando a prevalência de periodontite, segundo a classificação dos centros de controle de doenças/Academia Americana de Periodontia, em um subconjunto composto por 170 indivíduos com média de idade de 64,6 anos, de um estudo de coorte (The Joslin Medalist Study). E, ainda, sua associação com vários critérios de  complicações da periodontite e diabetes.

Os achados: a prevalência de periodontite grave em pacientes DM-1 com mais de 50 anos foi apenas 13,5% menor do que os níveis relatados em pacientes diabéticos com idades semelhantes. Os parâmetros periodontais (sangramento a sondagem, índice da placa e índice gengival) e os traços demográficos (incluindo sexo masculino, idade cronológica e idade no diagnóstico) foram significativamente relacionados à severidade da periodontite, os quais não se associaram com a duração do diabetes, hemoglobina (HbA1c), índice de massa corporal e perfis lipídicos. Níveis aleatórios de proteína C-reativa foram inversamente associados à severidade da periodontite (p=0,03), profundidade de sondagem (p=0,0002) e perda de inserção clínica (p=0,03). Prevalência de doenças cardiovasculares e marcadores inflamatórios sistêmicos, interleucina-6 (IL-6) e imunoglobulina G de soro contra Porphyromonas gengivalis foram positivamente relacionados à gravidade da periodontite (p=0,002 e 0,2, respectivamente).

Conclusão: alguns portadores de DM-1 com duração maior de 50 anos podem ser protegidos da periodontite severa, mesmo com hiperglicemia. Os fatores protetores endógenos para a periodontite podem possivelmente estar associados à produção residual da insulina e aos baixos níveis de inflamação crônica.

Veja o artigo original em: https://bit.ly/2XdhRXo