Decisão cirúrgica nos casos de reconstrução óssea

Decisão cirúrgica nos casos de reconstrução óssea

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O aumento vertical é uma terapia definida? E o aumento ósseo horizontal, como fica? A primeira coluna Mandic News debate a tomada de decisão cirúrgica nos casos de reconstruções ósseas.

Em janeiro de 2004, na coluna “Ponto de vista” da primeira edição da ImplantNews, o diretor geral da São Leopoldo Mandic, José Luiz Cintra Junqueira, destacou que não havia mais espaço para desinformação. Naquela ocasião, ele frisou que o ingresso à qualificação profissional, norteada por boas instituições de ensino, e o surgimento de periódicos científicos de qualidade seriam aliados dos profissionais de ponta. Passados 15 anos, podemos dizer que a ImplantNewsPerio e a Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic vêm desempenhando com primazia os seus papéis na sociedade odontológica brasileira.

Para celebrar esta conquista, nasce a coluna Mandic News, que irá compartilhar a produção científica dessa instituição e será coordenada por um time de seis professores.

A proposta é abordar diferentes temas relacionados à área básica, clínica e experimental nas especialidades que envolvem a Reabilitação Oral e Estética. Este casamento tem todos os componentes para atingir o sucesso. Nesta primeira edição, discutiremos a tomada de decisão cirúrgica nos casos de reconstruções ósseas.

O que sabemos hoje? Aumento vertical é uma terapia definida?

Analisando os consensos existentes na literatura, temos as seguintes indicações: 1) o uso de biomateriais substitutos ósseos está consagrado para cavidades; 2) para os casos de aumento ósseo aposicional vertical, é imprescindível o uso de enxerto ósseo autógeno (total ou parcial).

E o aumento ósseo horizontal, como fica?

Não há um consenso. Pensando nisso, uma equipe de pesquisadores da SLMandic criou uma classificação dos diferentes tipos de defeitos ósseos horizontais com suas respectivas possibilidades terapêuticas. Esta classificação foi desenvolvida a partir do tripé: evidência científica da literatura; experiência e documentação clínica; e avaliação dos diferentes defeitos ósseos horizontais em uma série de tomografias computadorizadas. A hipótese delineada – e confirmada por análise retrospectiva – está relacionada à possibilidade de utilização de biomaterial substituto ósseo apenas nos casos em que há presença de osso medular (esponjoso) no leito receptor. O estudo confirmou que, em situações de rebordos em lâmina de faca (ausência de remanescente ósseo medular entre as tábuas ósseas vestibular e lingual/palatina), é fundamental utilizar enxerto ósseo autógeno (total ou parcial). Essa classificação, publicada em 2018, recebeu o nome de HAC (sigla em inglês para Alterações Alveolares Horizontais ou Horizontal Alveolar Changes) e tem sido utilizada como um norteador para a tomada de decisão em reconstruções ósseas horizontais, sendo inclusive adotada por diversas empresas de biomateriais preocupadas com a correta indicação de uso de seus produtos.

Como funciona a classificação HAC?


O que estamos fazendo neste momento na SLMandic?

Um estudo recente, desenvolvido na SLMandic e em vias de publicação, relativo à tese de doutorado de Márcio Américo Dias, mostra que a prevalência de HAC 4 (perda horizontal com ausência de remanescente de osso medular entre as corticais vestibular e lingual/palatina) é inferior a 1% nos casos parciais e a 10% nos casos totais. Isso ilustra o panorama de que a maioria das reconstruções ósseas horizontais não demanda uso de enxertia autógena, em contraposição ao que ocorre com os enxertos aposicionais verticais. É necessário refletir sobre o fato de estarmos ou não indicando adequadamente as resoluções terapêuticas para estas situações clínicas.

Leia: Estudo de classificação de HAC (Alterações Alveolares Horizontais)


Coordenação:

Equipe docente da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic.

SUGESTÃO DE LEITURA
• Pelegrine AA, Romito G, Villar CC, de Macedo LGS, Teixeira ML, Aloise AC et al. Horizontal bone reconstruction on sites with different amounts of native bone: a retrospective study [online]. Braz Oral Res 2018;32:e21.