Jamil Shibli e Márcio Formiga apresentam uma alternativa viável e vantajosa para implantes imediatos em região de molares.
A instalação de implantes na região posterior, tanto de maxila quanto de mandíbula, além de ser um procedimento desafiador devido às limitações anatômicas, como o nervo alveolar inferior e o seio maxilar, geralmente requer algum procedimento adicional de aumento ósseo horizontal ou vertical.
No entanto, as chances de complicações relacionadas a levantamentos de seio maxilares, por exemplo, são quatro vezes maiores do que quando utilizados implantes curtos. Também, uma redução significativa do volume de enxertos ósseos pode ser esperada, dependendo da técnica cirúrgica e da composição do enxerto1.
Alguns estudos questionam se é realmente necessário realizar procedimentos de elevação do assoalho sinusal quando a altura do osso residual é limitada. Implantes curtos podem ser uma alternativa viável. Embora a elevação do assoalho sinusal e os implantes curtos demonstrem resultados previsíveis de taxas de sobrevivência, o segundo método possui muitas vantagens em termos de morbidade, custo e tempo de tratamento2-3.
Na mandíbula, a localização do nervo alveolar inferior e da fossa submandibular pode dificultar ou impedir a colocação do implante devido à falta de altura óssea do rebordo residual. Procedimentos associados à colocação de implante na região posterior da mandíbula, como transposição do nervo alveolar inferior, podem ser úteis, mas são frequentemente associados a distúrbios neurossensoriais4.
Devido às alterações volumétricas da crista óssea, o correto posicionamento do implante pode ser complicado, principalmente se for preciso esperar a regeneração do rebordo alveolar após a remoção do dente. Neste contexto, foram desenvolvidas diferentes abordagens de tratamento, como instalação imediata e/ou carga imediata, com ou sem regeneração óssea concomitante, para otimizar o leito do implante enquanto ainda existe volume adequado de osso – ou, melhor dizendo, não houve ainda a remodelação do alvéolo.
O mais vantajoso é a instalação imediata do implante, pois requer apenas uma intervenção cirúrgica. Nas regiões posteriores dos maxilares, o dente a ser substituído pode ser menos urgente, mas a colocação imediata do implante oferece uma oportunidade ideal para otimizar o volume ósseo no momento da remoção da raiz (Figuras 1). Diversos estudos já foram feitos comprovando eficácia semelhante à obtida em regiões anteriores5-8.
A presença de múltiplas raízes nos molares, combinada com as limitações anatômicas do seio maxilar e nervo alveolar inferior, inevitavelmente leva a uma infinidade de opções de abordagens. A instalação de um implante em um dos alvéolos da raiz do molar pode ser uma alternativa, mas isso, muitas vezes, resulta em próteses com comprometimento estético e dificuldade de higienização. Instalar o implante no septo ósseo inter-radicular, caso apresente, pode ser difícil de executar se o septo inter-radicular for muito fino, seja na maxila ou na mandíbula (Figuras 2). Muitas vezes, a osteotomia pode ser iniciada através do remanescente dentário e usando as raízes existentes como guia (Figuras 3).
Em muitos casos em que o septo foi perdido durante a exodontia, ou mesmo durante o preparo para a instalação de implante, se não houver osso residual suficiente para estabilidade primária, além da porção apical da raiz, a instalação imediata pode ter que ser adiada. No entanto, um implante de diâmetro regular pode ter dificuldade para alcançar essa estabilidade primária. Dessa forma, um implante de diâmetro ultralargo (> 6 mm) poderia ser usado para atingir o resultado almejado.
Esses implantes de diâmetro maior ou igual a 6 mm podem atingir grande estabilidade primária pela justaposição no interior do alvéolo com as paredes laterais, e não só pelo pouco osso remanescente na região apical, o que é bastante comum nessa área. O uso de implantes dentários ultralargos para instalação imediata foi discutido no passado, relatando altas taxas de sucesso sob várias condições de carregamento, tornando-se uma modalidade de tratamento aceita desde que determinados critérios de seleção sejam respeitados e regras cirúrgicas específicas sejam seguidas8-11. Entretanto, caso ocorram reabsorções das paredes vestibular ou lingual, há possibilidade de recessões expondo espiras ou até mesmo o pescoço do implante, aumentando os riscos de futuras doenças peri-implantares.
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Coordenação:
Jamil A. Shibli
Professor titular do Programa de pós-graduação em Odontologia, áreas de Implantodontia e Periodontia – Universidade Guarulhos (UnG); Livre-docente do Depto. de Cirurgia e Traumatologia BMF e Periodontia – Forp/USP; Doutor, mestre e especialista em Periodontia – FOAr-Unesp.
Orcid: 0000-0003-1971-0195.
Colaboração:
Márcio de Carvalho Formiga
Doutorando em Periodontia pela Universidade de Guarulhos (UnG); Mestre em Prótese Dentária pela São Leopoldo Mandic; Especialista em Periodontia pela Profis/USP; Especialista em Implantodontia pela ABCD Florianópolis; Professor coordenador do curso de especialização em Implantodontia e Periodontia da UniSociesc.
Orcid: 0000-0002-4093-2203.